Isabel Solé
O objetivo desse livro é ajudar
educadores e profissionais a promover a utilização de estratégias de leitura
que permitam interpretar e compreender os textos escritos.
Capítulo 1 - O desafio da Leitura
A leitura é um
processo de interação entre o leitor e o texto para satisfazer um propósito ou
finalidade. Lemos para algo: devanear, preencher um momento de lazer, seguir
uma pauta para realizar uma atividade, entre outras coisas.
Para compreender o
texto leitor utiliza seus conhecimento de mundo e os conhecimentos do texto.
Controlar a própria leitura e
regulá-la, implica ter um objetivo para ela, assim como poder gerar hipóteses
sobre o conteúdo que se lê. Por isso a leitura pode ser considerada um processo
constante de elaboração e verificação de previsões que levam a construção de
uma interpretação.
Na leitura de um
texto encontramos, inicialmente o título, subtítulo, negrito, itálico, esquema.
Isso pode ser utilizado como recursos para prever qual será o assunto do texto,
por exemplo.
Esses indicadores servem para ativar o
conhecimento prévio e serão úteis quando se precisar extrair as idéias
centrais.
O que foi apresentado até agora pode
dar pistas de como as práticas pedagógicas podem organizar situações de ensino
e aprendizagem que tragam em si essas análises.
A leitura na escola
Um dos objetivos mais
importante das escola é fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente.
Essa aquisição da leitura é indispensável para agir com autonomia nas
sociedades letradas.
Pesquisas realizadas
apontam que a leitura não é utilizada tanto quanto deveria, isto é, não lemos o
bastante.
Uma questão que se coloca é a seguinte:
será que os professores e a escola têm clareza do que é ler?
A leitura, um objeto de conhecimento
No Ensino Fundamental a leitura e a
escrita aparecem como objetivos prioritários. Acredita-se que ao final dessa
etapa os alunos possam ler textos de forma autônoma e utilizar os recursos ao
seu alcance para referir as dificuldades dessa área.
O que se vê nas escolas, no ensino
inicial da leitura, são esforços para iniciar os pequenos nos segredos do
código a partir de diversas abordagens. Poucas vezes considera-se que essa
etapa tem início antes da escolaridade obrigatória.
O trabalho de leitura costuma a se
restringir a ler o texto e responder algumas perguntas relacionadas a ele como:
seus personagens, localidades, o que mais gostou, o que não gostou, etc. isso
revela que o foco está no resultado da leitura e não em seu processo.
Percebe-se que as práticas escolares dão maior ênfase no domínio das
habilidades de decodificação.
Capítulo 2 - Ler, compreender e
aprender
É fundamental que ao ler, o leitor se
proponha a alcançar determinados para determinar tanto as estratégias
responsáveis pela compreensão, quanto o controle que, de forma inconsciente,
vai exercendo sobre ela, à medida que lê. O controle da compreensão é um
requisito essencial para ler de forma eficaz.
Para que o leitor se envolva na
atividade leitura é necessário que esta seja significativa. É necessário que
sinta que é capaz de ler e de compreender o texto que tem em mãos. Só será
motivadora, se o conteúdo estiver ligado aos interesses do leitor e,
naturalmente, se a tarefa em si corresponde a um objetivo.
Como isso pode ser
transferido para a sala de aula: sabe-se que na diversidade da classe torna-se
muito difícil contentar o interesse de todas as crianças com relação à leitura,
portanto, é papel do professor criar o interesse.
Uma forma possível de
propiciar esse interesse é possibilitar o a diferentes suportes para a leitura,
que sejam e incentivem atitudes de interesse e cuidado nos leitores.
Ao professor cabe o cuidado de analisar
o conteúdo que veiculam.
Compreensão leitora e aprendizagem
significativa
A leitura nos
aproxima da cultura. Por isso um dos objetivos da leitura é ler para
aprender.
Quando um leitor compreende o que lê,
está aprendendo e coloca em funcionamento uma série de estratégias cuja função
é assegurar esse objetivo.
Isso nos remete a mais um objetivo
fundamental da escola: ensinar a usar a leitura como instrumento de
aprendizagem.
Devemos questionar a crença de que,
quando uma criança aprende a ler, já pode ler de tudo e também pode ler para
aprender. Se a ensinarmos a ler compreensivamente e a aprender a partir da
leitura, estamos fazendo com que aprenda a aprender.
Capítulo 3 - O ensino da leitura
Vamos apontar nesse capítulo a idéia
errônea que consiste em considerar que a linguagem escrita requer uma instrução
e a linguagem oral não a requer.
Código, consciência metalingüística e
leitura
Devemos considerar como fundamental a
leitura realizada por outros (família, amigos, pessoas) por familiarizar a
criança com a estrutura do texto escrito e com sua linguagem.
Na escola ao se deparar com a linguagem
escrita, a crianças, em muitos casos se encontra diante de algo conhecido,
sobre o que já aprendeu várias coisas. O fundamental é que o escrito transmite
uma mensagem, uma informação, e que a leitura capacita para ter acesso a essa
linguagem. Na aquisição deste conhecimento, as experiências de leitura da
criança no seio da família desempenham uma função importantíssima. Para além da
existência de um ambiente em que se promova o uso dos livros e da disposição
dos pais a adquiri-los e a ler, o fato de lerem para seus filhos relatos e
histórias e a conversa posterior em torno dos mesmos parecem ter uma influência
decisiva no desenvolvimento posterior destes com a leitura.
Assim, o conhecimento que a criança tem
das palavras e suas características aumentará consideravelmente quando ela
começar a manejar o impresso.
O trabalho que se deve realizar com as
crianças é mostrá-las que ler é divertido, que escrever é apaixonante, que ela
pode fazê-lo. Precisamos instigá-las a fazer parte desse mundo maravilhoso e
cheio de significados.
O ensino inicial da leitura
Na escola, as atividades voltadas para
o ensino inicial da leitura devem garantir a interação significativa e
funcional da criança com a língua escrita, como um meio de construir os
conhecimentos necessários para poder abordar as diferentes etapas de sua
aprendizagem.
Para isso é fundamental trazer para a
sala de aula, como ponto de partida, os conhecimentos que as crianças já
possuem e a partir de suas idéias, ampliar suas significações.
A leitura e a escrita
são procedimentos e devem ser trabalhados como tal em sala de aula.
Um aspecto importante que precisa ser
garantido é o acesso a diferentes materiais escritos para as crianças: jornais,
revistas, gibis, livros, rimas, poemas, HQ, e gêneros diversos.
Capítulo 4 - O ensino de estratégias de
compreensão leitora
Já tratamos no capítulo anterior que os
procedimentos precisam ser ensinados. Se estratégias de leitura são
procedimentos, então é preciso ensinar estratégias para a compreensão dos
textos: não como técnicas precisas, receitas infalíveis ou habilidades
específicas, mas como estratégias de compreensão leitora que envolvem a
presença de objetivos, planejamento das ações, e sua avaliação.
Estas estratégias são as responsáveis
pela construção de uma interpretação para o texto. E uma construção feita de
forma autônoma.
Que estratégias vamos ensinar? O papel
das estratégias na leitura
São aquelas que permitem ao aluno
planejar sua tarefa de modo geral. Perguntas que o leitor deve se fazer para
compreender o texto:
1. Compreender os propósitos implícitos e explícitos
da leitura. Que/Por que/Para que tenho que ler?
2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios
relevantes para o conteúdo em questão. Que sei sobre o conteúdo do texto?
3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do
que pode parecer mais trivial.
4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado
pelo texto e sua compatibilidade com o conhecimento prévio e com o “sentido
comum”. Este texto tem sentido?
5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre
mediante a revisão e a recapitulação periódica e a auto-interrogação. Qual é a
idéia fundamental que extraio daqui.
6. Elaborar e provar inferências de diversos tipos,
como interpretações, hipóteses e previsões e conclusões. Qual poderá ser o
final deste romance?
Um conjunto de propostas para o ensino
de estratégias de compreensão leitora pode ser considerado segundo BAUMANN
(1985;1990) nos processos:
1. Introdução. Explica-se aos alunos os objetivos
daquilo que será trabalhado e a forma em que eles serão úteis para a leitura.
2. Exemplo. Exemplifica-se a estratégia a ser
trabalhada mediante um texto.
3. Ensino Direto. O professor mostra, explica e
escreve a habilidade em questão, dirigindo a atividade.
4. Aplicação dirigida pelo professor. Os alunos
devem por em prática a habilidade aprendida sob o controle e supervisão do
professor.
5. Prática individual. O aluno deve utilizar
independentemente a habilidade com material novo.
Tipos de texto e expectativas do leitor
Alguns autores, entre eles ADAM (1985),
classificam os textos da seguinte forma:
1. Narrativo: texto que pressupõe um desenvolvimento
cronológico e que aspira explicar alguns acontecimentos em uma determinada
ordem.
2. Descritivo: como o nome diz, descreve um objeto ou
fenômeno, mediante comparações e outras técnicas.
3. Expositivo: relaciona-se à análise e síntese de
representações conceituais ou explicação de determinados fenômenos.
4. Instrutivo-indutivo: tem como pretensão induzir a
ação do leitor com palavras de ordem, por exemplo.
Seria fundamental que essa diversidade de
textos aparecesse na escola e não um único modelo. Principalmente os que
freqüentam a vida cotidiana.
Trata-se de organizar um ensino que
caracterize cada um destes textos, mostrando as pistas que conduzem à uma
melhor compreensão, fazendo com que o leitor saiba que pode utilizar as mesmas
chaves que o autor usou para formar um significado, e além de tudo
interpretá-lo.
Capítulo 5 - Para compreender... Antes
da leitura
Apresentam-se aqui seis passos
importantes para a compreensão, que devem ser seguidos antes da leitura
propriamente dita:
Idéias Gerais
São algumas idéias que o professor tem
sobre a leitura:
1. ler é muito mais do que possuir um rico cabedal de
estratégias e técnicas.
2. ler é um instrumento de aprendizagem, informação e
deleite.
3. a leitura não deve ser considerada uma atividade
competitiva.
4. quem não sente prazer pela leitura não conseguirá
transmiti-lo aos demais.
5. a leitura para as crianças tem que ter uma
finalidade que elas possam compreender e partilhar.
6. a complexidade da leitura e a capacidade que as
crianças têm para enfrentá-la.
Motivação para a leitura
Toda atividade deve ter como ponto de
partida a motivação das crianças: devem ser significativas, motivantes, e a
criança deve se sentir capaz de fazê-la.
Objetivos da leitura
Os objetivos dos leitores, ou
propósitos, com relação a um texto podem ser muito variados, de acordo com as
situações e momentos. Vamos destacar alguns dos objetivos da leitura, que
podem e devem ser trabalhados em sala de aula:
1. ler para obter uma informação precisa;
2. ler para seguir instruções;
3. ler para obter uma informação de caráter geral;
4. ler para aprender;
5. ler para revisar um escrito próprio;
6. ler por prazer;
7. ler para comunicar um texto a um auditório;
8. ler para praticar a leitura em voz alta; e
9. ler para verificar o que se compreendeu.
Revisão e atualização do conhecimento
prévio
Para compreender o que se está lendo é
preciso ter conhecimentos sobre o assunto. Mas algumas coisas podem ser feitas
para ajudar as crianças a utilizar o conhecimento prévio que têm sobre o assunto,
como dar alguma explicação geral sobre o que será lido; ajudar os alunos a
prestar atenção a determinados aspectos do texto, que podem ativar seu
conhecimento prévio ou apresentar um tema que não conheciam.
Estabelecimento de previsões sobre o
texto
É importante ajudar as crianças a
utilizar simultaneamente diversos indicadores: como títulos, ilustrações, o que
se pode conhecer sobre o autor, cenário, personagem, ilustrações, etc. para a
compreensão do texto como um todo.
Formulação de perguntas sobre ele
Requerer perguntas sobre o texto é uma
estratégia que pode ser utilizada para ajudar na compreensão de narrações
ensinando as crianças para as quais elas são lidas a centrar sua atenção nas
questões fundamentais.
Capítulo 6 - Construindo a compreensão...
Durante a leitura
Para a compreensão do
texto uma das capacidades envolvidas é a elaboração de um resumo, que reproduz
o significado global de forma sucinta.
Para isso, deve-se ter a competência de
diferenciar o que constitui o essencial do texto e o que pode ser considerado
como secundário.
O professor pode utilizar em sala de
aula a estratégia da leitura compartilhada, onde o leitor vai assumindo
progressivamente a responsabilidade e o controle do seu processo é uma forma
eficaz para que os alunos compreendam as estratégias apontadas, bem como, a
leitura independente, onde podem utilizar as estratégias que estão aprendendo.
Não estou entendendo, o que eu faço? Os
erros e as lacunas de compreensão
Para ler eficazmente,
precisamos saber quais as nossas dificuldades. Podem ser: a compreensão de
palavras, frases, nas relações que se estabelecem entre as frases e no texto em
seus aspectos mais globais.
Para isso devemos ter estratégias como
o uso do dicionário ou a continuação da leitura que pode sanar alguma dúvida.
Capítulo 7- Depois da leitura:
continuar compreendendo e aprendendo...
A compreensão do
texto resulta da combinação entre os objetivos de leitura que guiam o leitor,
entre os seus conhecimentos prévios e a informação que o autor queria transmitir
mediante seus escritos.
Para que os alunos compreendam a idéia
principal do texto, o professor pode explicar aos alunos o que consiste a
“idéia principal”, recordar porque vão ler concretamente o texto - função real,
ressaltar o tema, à medida que vão lendo informar aos alunos o que é
considerado mais importante, para que, finalmente concluam se a idéia principal
é um produto de uma elaboração pessoal.
O resumo
Utilizar essa estratégia pode ser uma
boa escolha para estabelecer o tema de um texto, para gerar ou identificar sua
idéia principal e seus detalhes secundários.
É importante, também,
que os alunos aprendam porque precisam resumir, e como fazê-lo, assistindo
resumos efetuados pelo seu professor, resumindo conjuntamente, passando a
utilizar essa estratégia de forma autônoma
COOPER (1990), afirma que para ensinar
a resumir parágrafos de texto é importante que o professor:
1. ensine a encontrar o tema do parágrafo e a
identificar a informação trivial para deixá-la de lado.
2. ensine a deixar de lado a informação repetida.
3. ensine a determinar como se agrupam as idéias no
parágrafo para encontrar formas de englobá-las.
4. ensine a identificar uma frase-resumo do parágrafo
ou a elaborá-la.
Capítulo 8- O ensino e a avaliação da
leitura
Considerando o que foi visto até agora
em relação aos processos de leitura e compreensão é interessante ressaltar que:
1. Aprender a ler significa aprender a ser ativo ante
a leitura, ter objetivos para ela, se auto-interrogar sobre o conteúdo e sobre
a própria compreensão.
2. Aprender a ler significa também aprender a
encontrar sentido e interesse na leitura.
3. Aprender a ler compreensivamente é uma condição
necessária par poder aprender a partir dos textos escritos.
4. Aprender a ler requer que se ensine a ler, e isso é
um papel do professor.
5. Ensinar a ler é uma questão de compartilhar.
Compartilhar objetivos, compartilhar tarefas, compartilhar os significados
construídos em torno deles.
6. Ensinar a ler exige a observação dos alunos e da
própria intervenção, como requisitos para estabelecer situações didáticas
diferenciadas capazes de se adaptar à diversidade inevitável da sala de aula.
7. É função do professor promover atividades
significativas de leitura, bem como refletir, planejar e avaliar a própria
prática em torna da leitura.
Para finalizar esse livro se faz
necessário ressaltar que as mudanças na escola acontecem quando são feitas em
equipe. Reestruturar o ensino da leitura deve passar por isso: uma construção
coletiva e significativa para os alunos, e também para os professores.
Para complementar, assistam,...
Isabel Solé
O objetivo desse livro é ajudar
educadores e profissionais a promover a utilização de estratégias de leitura
que permitam interpretar e compreender os textos escritos.
Capítulo 1 - O desafio da Leitura
A leitura é um
processo de interação entre o leitor e o texto para satisfazer um propósito ou
finalidade. Lemos para algo: devanear, preencher um momento de lazer, seguir
uma pauta para realizar uma atividade, entre outras coisas.
Para compreender o
texto leitor utiliza seus conhecimento de mundo e os conhecimentos do texto.
Controlar a própria leitura e
regulá-la, implica ter um objetivo para ela, assim como poder gerar hipóteses
sobre o conteúdo que se lê. Por isso a leitura pode ser considerada um processo
constante de elaboração e verificação de previsões que levam a construção de
uma interpretação.
Na leitura de um
texto encontramos, inicialmente o título, subtítulo, negrito, itálico, esquema.
Isso pode ser utilizado como recursos para prever qual será o assunto do texto,
por exemplo.
Esses indicadores servem para ativar o
conhecimento prévio e serão úteis quando se precisar extrair as idéias
centrais.
O que foi apresentado até agora pode
dar pistas de como as práticas pedagógicas podem organizar situações de ensino
e aprendizagem que tragam em si essas análises.
A leitura na escola
Um dos objetivos mais
importante das escola é fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente.
Essa aquisição da leitura é indispensável para agir com autonomia nas
sociedades letradas.
Pesquisas realizadas
apontam que a leitura não é utilizada tanto quanto deveria, isto é, não lemos o
bastante.
Uma questão que se coloca é a seguinte:
será que os professores e a escola têm clareza do que é ler?
A leitura, um objeto de conhecimento
No Ensino Fundamental a leitura e a
escrita aparecem como objetivos prioritários. Acredita-se que ao final dessa
etapa os alunos possam ler textos de forma autônoma e utilizar os recursos ao
seu alcance para referir as dificuldades dessa área.
O que se vê nas escolas, no ensino
inicial da leitura, são esforços para iniciar os pequenos nos segredos do
código a partir de diversas abordagens. Poucas vezes considera-se que essa
etapa tem início antes da escolaridade obrigatória.
O trabalho de leitura costuma a se
restringir a ler o texto e responder algumas perguntas relacionadas a ele como:
seus personagens, localidades, o que mais gostou, o que não gostou, etc. isso
revela que o foco está no resultado da leitura e não em seu processo.
Percebe-se que as práticas escolares dão maior ênfase no domínio das
habilidades de decodificação.
Capítulo 2 - Ler, compreender e
aprender
É fundamental que ao ler, o leitor se
proponha a alcançar determinados para determinar tanto as estratégias
responsáveis pela compreensão, quanto o controle que, de forma inconsciente,
vai exercendo sobre ela, à medida que lê. O controle da compreensão é um
requisito essencial para ler de forma eficaz.
Para que o leitor se envolva na
atividade leitura é necessário que esta seja significativa. É necessário que
sinta que é capaz de ler e de compreender o texto que tem em mãos. Só será
motivadora, se o conteúdo estiver ligado aos interesses do leitor e,
naturalmente, se a tarefa em si corresponde a um objetivo.
Como isso pode ser
transferido para a sala de aula: sabe-se que na diversidade da classe torna-se
muito difícil contentar o interesse de todas as crianças com relação à leitura,
portanto, é papel do professor criar o interesse.
Uma forma possível de
propiciar esse interesse é possibilitar o a diferentes suportes para a leitura,
que sejam e incentivem atitudes de interesse e cuidado nos leitores.
Ao professor cabe o cuidado de analisar
o conteúdo que veiculam.
Compreensão leitora e aprendizagem
significativa
A leitura nos
aproxima da cultura. Por isso um dos objetivos da leitura é ler para
aprender.
Quando um leitor compreende o que lê,
está aprendendo e coloca em funcionamento uma série de estratégias cuja função
é assegurar esse objetivo.
Isso nos remete a mais um objetivo
fundamental da escola: ensinar a usar a leitura como instrumento de
aprendizagem.
Devemos questionar a crença de que,
quando uma criança aprende a ler, já pode ler de tudo e também pode ler para
aprender. Se a ensinarmos a ler compreensivamente e a aprender a partir da
leitura, estamos fazendo com que aprenda a aprender.
Capítulo 3 - O ensino da leitura
Vamos apontar nesse capítulo a idéia
errônea que consiste em considerar que a linguagem escrita requer uma instrução
e a linguagem oral não a requer.
Código, consciência metalingüística e
leitura
Devemos considerar como fundamental a
leitura realizada por outros (família, amigos, pessoas) por familiarizar a
criança com a estrutura do texto escrito e com sua linguagem.
Na escola ao se deparar com a linguagem
escrita, a crianças, em muitos casos se encontra diante de algo conhecido,
sobre o que já aprendeu várias coisas. O fundamental é que o escrito transmite
uma mensagem, uma informação, e que a leitura capacita para ter acesso a essa
linguagem. Na aquisição deste conhecimento, as experiências de leitura da
criança no seio da família desempenham uma função importantíssima. Para além da
existência de um ambiente em que se promova o uso dos livros e da disposição
dos pais a adquiri-los e a ler, o fato de lerem para seus filhos relatos e
histórias e a conversa posterior em torno dos mesmos parecem ter uma influência
decisiva no desenvolvimento posterior destes com a leitura.
Assim, o conhecimento que a criança tem
das palavras e suas características aumentará consideravelmente quando ela
começar a manejar o impresso.
O trabalho que se deve realizar com as
crianças é mostrá-las que ler é divertido, que escrever é apaixonante, que ela
pode fazê-lo. Precisamos instigá-las a fazer parte desse mundo maravilhoso e
cheio de significados.
O ensino inicial da leitura
Na escola, as atividades voltadas para
o ensino inicial da leitura devem garantir a interação significativa e
funcional da criança com a língua escrita, como um meio de construir os
conhecimentos necessários para poder abordar as diferentes etapas de sua
aprendizagem.
Para isso é fundamental trazer para a
sala de aula, como ponto de partida, os conhecimentos que as crianças já
possuem e a partir de suas idéias, ampliar suas significações.
A leitura e a escrita
são procedimentos e devem ser trabalhados como tal em sala de aula.
Um aspecto importante que precisa ser
garantido é o acesso a diferentes materiais escritos para as crianças: jornais,
revistas, gibis, livros, rimas, poemas, HQ, e gêneros diversos.
Capítulo 4 - O ensino de estratégias de
compreensão leitora
Já tratamos no capítulo anterior que os
procedimentos precisam ser ensinados. Se estratégias de leitura são
procedimentos, então é preciso ensinar estratégias para a compreensão dos
textos: não como técnicas precisas, receitas infalíveis ou habilidades
específicas, mas como estratégias de compreensão leitora que envolvem a
presença de objetivos, planejamento das ações, e sua avaliação.
Estas estratégias são as responsáveis
pela construção de uma interpretação para o texto. E uma construção feita de
forma autônoma.
Que estratégias vamos ensinar? O papel
das estratégias na leitura
São aquelas que permitem ao aluno
planejar sua tarefa de modo geral. Perguntas que o leitor deve se fazer para
compreender o texto:
1. Compreender os propósitos implícitos e explícitos
da leitura. Que/Por que/Para que tenho que ler?
2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios
relevantes para o conteúdo em questão. Que sei sobre o conteúdo do texto?
3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do
que pode parecer mais trivial.
4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado
pelo texto e sua compatibilidade com o conhecimento prévio e com o “sentido
comum”. Este texto tem sentido?
5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre
mediante a revisão e a recapitulação periódica e a auto-interrogação. Qual é a
idéia fundamental que extraio daqui.
6. Elaborar e provar inferências de diversos tipos,
como interpretações, hipóteses e previsões e conclusões. Qual poderá ser o
final deste romance?
Um conjunto de propostas para o ensino
de estratégias de compreensão leitora pode ser considerado segundo BAUMANN
(1985;1990) nos processos:
1. Introdução. Explica-se aos alunos os objetivos
daquilo que será trabalhado e a forma em que eles serão úteis para a leitura.
2. Exemplo. Exemplifica-se a estratégia a ser
trabalhada mediante um texto.
3. Ensino Direto. O professor mostra, explica e
escreve a habilidade em questão, dirigindo a atividade.
4. Aplicação dirigida pelo professor. Os alunos
devem por em prática a habilidade aprendida sob o controle e supervisão do
professor.
5. Prática individual. O aluno deve utilizar
independentemente a habilidade com material novo.
Tipos de texto e expectativas do leitor
Alguns autores, entre eles ADAM (1985),
classificam os textos da seguinte forma:
1. Narrativo: texto que pressupõe um desenvolvimento
cronológico e que aspira explicar alguns acontecimentos em uma determinada
ordem.
2. Descritivo: como o nome diz, descreve um objeto ou
fenômeno, mediante comparações e outras técnicas.
3. Expositivo: relaciona-se à análise e síntese de
representações conceituais ou explicação de determinados fenômenos.
4. Instrutivo-indutivo: tem como pretensão induzir a
ação do leitor com palavras de ordem, por exemplo.
Seria fundamental que essa diversidade de
textos aparecesse na escola e não um único modelo. Principalmente os que
freqüentam a vida cotidiana.
Trata-se de organizar um ensino que
caracterize cada um destes textos, mostrando as pistas que conduzem à uma
melhor compreensão, fazendo com que o leitor saiba que pode utilizar as mesmas
chaves que o autor usou para formar um significado, e além de tudo
interpretá-lo.
Capítulo 5 - Para compreender... Antes
da leitura
Apresentam-se aqui seis passos
importantes para a compreensão, que devem ser seguidos antes da leitura
propriamente dita:
Idéias Gerais
São algumas idéias que o professor tem
sobre a leitura:
1. ler é muito mais do que possuir um rico cabedal de
estratégias e técnicas.
2. ler é um instrumento de aprendizagem, informação e
deleite.
3. a leitura não deve ser considerada uma atividade
competitiva.
4. quem não sente prazer pela leitura não conseguirá
transmiti-lo aos demais.
5. a leitura para as crianças tem que ter uma
finalidade que elas possam compreender e partilhar.
6. a complexidade da leitura e a capacidade que as
crianças têm para enfrentá-la.
Motivação para a leitura
Toda atividade deve ter como ponto de
partida a motivação das crianças: devem ser significativas, motivantes, e a
criança deve se sentir capaz de fazê-la.
Objetivos da leitura
Os objetivos dos leitores, ou
propósitos, com relação a um texto podem ser muito variados, de acordo com as
situações e momentos. Vamos destacar alguns dos objetivos da leitura, que
podem e devem ser trabalhados em sala de aula:
1. ler para obter uma informação precisa;
2. ler para seguir instruções;
3. ler para obter uma informação de caráter geral;
4. ler para aprender;
5. ler para revisar um escrito próprio;
6. ler por prazer;
7. ler para comunicar um texto a um auditório;
8. ler para praticar a leitura em voz alta; e
9. ler para verificar o que se compreendeu.
Revisão e atualização do conhecimento
prévio
Para compreender o que se está lendo é
preciso ter conhecimentos sobre o assunto. Mas algumas coisas podem ser feitas
para ajudar as crianças a utilizar o conhecimento prévio que têm sobre o assunto,
como dar alguma explicação geral sobre o que será lido; ajudar os alunos a
prestar atenção a determinados aspectos do texto, que podem ativar seu
conhecimento prévio ou apresentar um tema que não conheciam.
Estabelecimento de previsões sobre o
texto
É importante ajudar as crianças a
utilizar simultaneamente diversos indicadores: como títulos, ilustrações, o que
se pode conhecer sobre o autor, cenário, personagem, ilustrações, etc. para a
compreensão do texto como um todo.
Formulação de perguntas sobre ele
Requerer perguntas sobre o texto é uma
estratégia que pode ser utilizada para ajudar na compreensão de narrações
ensinando as crianças para as quais elas são lidas a centrar sua atenção nas
questões fundamentais.
Capítulo 6 - Construindo a compreensão...
Durante a leitura
Para a compreensão do
texto uma das capacidades envolvidas é a elaboração de um resumo, que reproduz
o significado global de forma sucinta.
Para isso, deve-se ter a competência de
diferenciar o que constitui o essencial do texto e o que pode ser considerado
como secundário.
O professor pode utilizar em sala de
aula a estratégia da leitura compartilhada, onde o leitor vai assumindo
progressivamente a responsabilidade e o controle do seu processo é uma forma
eficaz para que os alunos compreendam as estratégias apontadas, bem como, a
leitura independente, onde podem utilizar as estratégias que estão aprendendo.
Não estou entendendo, o que eu faço? Os
erros e as lacunas de compreensão
Para ler eficazmente,
precisamos saber quais as nossas dificuldades. Podem ser: a compreensão de
palavras, frases, nas relações que se estabelecem entre as frases e no texto em
seus aspectos mais globais.
Para isso devemos ter estratégias como
o uso do dicionário ou a continuação da leitura que pode sanar alguma dúvida.
Capítulo 7- Depois da leitura:
continuar compreendendo e aprendendo...
A compreensão do
texto resulta da combinação entre os objetivos de leitura que guiam o leitor,
entre os seus conhecimentos prévios e a informação que o autor queria transmitir
mediante seus escritos.
Para que os alunos compreendam a idéia
principal do texto, o professor pode explicar aos alunos o que consiste a
“idéia principal”, recordar porque vão ler concretamente o texto - função real,
ressaltar o tema, à medida que vão lendo informar aos alunos o que é
considerado mais importante, para que, finalmente concluam se a idéia principal
é um produto de uma elaboração pessoal.
O resumo
Utilizar essa estratégia pode ser uma
boa escolha para estabelecer o tema de um texto, para gerar ou identificar sua
idéia principal e seus detalhes secundários.
É importante, também,
que os alunos aprendam porque precisam resumir, e como fazê-lo, assistindo
resumos efetuados pelo seu professor, resumindo conjuntamente, passando a
utilizar essa estratégia de forma autônoma
COOPER (1990), afirma que para ensinar
a resumir parágrafos de texto é importante que o professor:
1. ensine a encontrar o tema do parágrafo e a
identificar a informação trivial para deixá-la de lado.
2. ensine a deixar de lado a informação repetida.
3. ensine a determinar como se agrupam as idéias no
parágrafo para encontrar formas de englobá-las.
4. ensine a identificar uma frase-resumo do parágrafo
ou a elaborá-la.
Capítulo 8- O ensino e a avaliação da
leitura
Considerando o que foi visto até agora
em relação aos processos de leitura e compreensão é interessante ressaltar que:
1. Aprender a ler significa aprender a ser ativo ante
a leitura, ter objetivos para ela, se auto-interrogar sobre o conteúdo e sobre
a própria compreensão.
2. Aprender a ler significa também aprender a
encontrar sentido e interesse na leitura.
3. Aprender a ler compreensivamente é uma condição
necessária par poder aprender a partir dos textos escritos.
4. Aprender a ler requer que se ensine a ler, e isso é
um papel do professor.
5. Ensinar a ler é uma questão de compartilhar.
Compartilhar objetivos, compartilhar tarefas, compartilhar os significados
construídos em torno deles.
6. Ensinar a ler exige a observação dos alunos e da
própria intervenção, como requisitos para estabelecer situações didáticas
diferenciadas capazes de se adaptar à diversidade inevitável da sala de aula.
7. É função do professor promover atividades
significativas de leitura, bem como refletir, planejar e avaliar a própria
prática em torna da leitura.
Para finalizar esse livro se faz
necessário ressaltar que as mudanças na escola acontecem quando são feitas em
equipe. Reestruturar o ensino da leitura deve passar por isso: uma construção
coletiva e significativa para os alunos, e também para os professores.
Para complementar, assistam,...
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