26 de março de 2016

Conto: O enigma do outro lado da autora Stella Carr

Estratégia de Leitura:
A- Colocar o título no quadro e perguntar a respeito da palavra: Enigma. O que significa?
As crianças participarão, acredita-se que a maioria saiba o significado da palavra, se acaso não souberem, o professor pode pedir que alguém procure no dicionário e ler em voz alta para a classe toda. O professor ajuda-os a compreender e dar sentido ao título que foi escrito no quadro:
# Há um mistério do outro lado?
# Que lado é esse? Qual lugar?
Conforme as crianças vão falando, o professor as escuta e dá a seguinte devolutiva: “ Pode ser, quem pensa diferente?”
B- Revelar que o outro lado é: O outro lado da porta e contar que nessa leitura aparecerão quatro personagens.
# Que personagens vocês acreditam que possam compor esse conto?

C- Em seguida realizar a leitura com pausa protocolada ou leitura dialogada:
O enigma do outro lado
— De onde você vem, Nanico?
Magro, amarelo e muito comprido, Nanico estava um pouco curvado, cansado de tanto esperar.
— Venho da periferia, ali perto da estação. Éramos muitos irmãos, todos bem 
unidos.Os outros já se foram… fiquei só eu.(O que será que aconteceu com os irmãos de Nanico?)
Só de falar nisso, Nanico foi ficando pálido, com manchas escuras.
Zé Pereira entrou na conversa:
— Você parece doente, cara. Quem sabe com isso você escapa — o Zé falou, olhando para a porta fechada, que dava para o outro lado.
— É inútil resistir. Todos nós vamos ter que passar por aquela porta, mais cedo ou mais tarde. (O que vocês imaginam que acontece as personagens após passar pela porta?)
-Mas o que deixa a gente nervoso é a espera. Acaba-se ficando mole e não prestando mais pra nada! — Nanico gemeu , parecendo mais murcho e curvado.
— Que pessimismo é esse, Nanico? — perguntei, tentando animar o coitado, usando minha intuição feminina .
— É o calor, eu acho — o compridão respondeu.
— Ora, você devia estar acostumado, é de um país tropical… nós estrangeiros, habituados a
climas frios, é que sofremos mais — disse eu, sufocando, ficando mais vermelha do que já sou.
Zé Pereira remexeu-se inquieto, rolou o corpo um pouco para o lado e se queixou:
— Eu é que estou passando mal. Acidez, eu acho. Me trouxeram pra cá cedo demais… não era a minha hora.
— Você está impressionado com a espera, isso sim. Não quer confessar, mas está com medo — provocou Nanico.
— Vocês não entendem, eu sou do campo. Nasci na fazenda, ao ar livre. Aqui é úmido e abafado!
— Pois sei como você se sente. Também sou do campo — falei, tentando dar uma força ao companheiro. Zé Pereira respondeu:
— Ora, você não parece sentir a mudança. Continua gorda e rosada!
Ele estava de fato verde. Mas não notou que uma mancha escura e redonda já aparecia na minha pele avermelhada, um perigoso e alarmante sinal para a minha saúde.
Nanico levantou-se atento:
––Vocês ouviram o barulho do outro lado? Será que ele já vem?
Nanico se curvou ainda mais. Parecia ter um peso nas costas.
–– Fico pensando: qual de nós três irá primeiro? Ainda me lembro quando meus irmãos se foram. Naquele tempo não era ruim esperar, porque a gente não desconfiava. Estávamos todos felizes,como se fosse uma aventura! Tudo era novidade: a viagem, nossa chegada aqui… Então vieram buscar o primeiro. Foi minha irmã. E ela nunca mais voltou.
–– Não lembre coisas tristes, Nanico — eu falei, tremendo. Mas Nanico continuou:
–– Depois vieram buscar o segundo. E mais outro, e mais outro. Fiquei só eu! Me esqueceram, não sei por quê … Então chegaram vocês.
— O que será que acontece lá dentro? — Zé Pereira perguntou.
— Não sei. Só sei que ninguém volta. Quem passa por aquela porta fica — Nanico afirmou. (E vocês o que acham que acontece lá dentro?)
— Não pode ser tão ruim — eu comentei — , acho que estamos com medo à toda. Sabem de uma coisa? Vai ver que do outro lado não tem nada! ( e vocês concordam com essa personagem?)
Nisso a porta se abriu. Agarraram … (quem vocês imaginam que foi agarrado?) Zé Pereira e o levaram embora. E a porta se fechou de novo.
— Por que não me levaram? — gemeu Nanico. — Estou me sentindo tão mal ! Zé Pereira era tão jovem, até sofria de acidez…
— Quem pode saber? — eu falei.
— Zé Pereira, a essa hora, já sabe — respondeu Nanico.
— Mas não volta mais pra contar. Ninguém voltou até hoje — lembrei.
Nanico ficou em silêncio. Deitou o corpo de lado. Acho que até cochilou um pouco. Coitado! A espera estava acabando com ele. Já estava na sala quando eu cheguei. Sempre falando dos irmãos que se foram!
Nisso, a porta se abriu de novo, e dessa vez( quem será que foi levado?) levaram o Nanico. Fiquei sozinha, sem ninguém para conversar, esperando a minha vez…
A mancha escura em minha pele parecia ter aumentado, eu já não sentia a mesma disposição de antes. Não sei quanto tempo passou . O silêncio, a solidão aumentam o nervosismo e confundem a gente…
Finalmente, a porta se abriu e me agarraram também. Agora eu vou saber: vou descobrir o “grande segredo da vida”!( e o que vocês imaginam que ela vai descobrir?)
O outro lado é uma sala igual à primeira, mas tem uma mesa grande no meio, rodeada de cadeiras. Estou imobilizada …( em que lugar vocês imaginam que levaram a última personagem?) Com uma das mãos um homem me segura. Com a outra pega uma faca afiada.( o que vocês imaginam que o homem fazer com a personagem?)
E vai tirando em fatias a minha pele.
Depois, ele abre a boca com imensos dentes amarelos e vai se aproximando …(e agora o que vai acontecer?) Sinto o bafo, vejo a sua língua. Então me dá uma enorme dentada! (será que saberemos o segredo? — como? Agora, vamos ouvir o desfecho da história)
Mas eu ainda tenho tempo de ver, no prato sobre a mesa, a casca amarela e pintada do Nanico, o cabinho e os caroços do Zé Pereira.
— Então, é esse o destino das frutas?
Stella Carr. Assombrassustos. São Paulo: Moderna,1995.
D- Questionar se as crianças gostaram desse tipo de leitura, e se sabe qual é o Gênero Textual;
– Mediar a participação das crianças…
* Por que este texto não pode ser uma fábula?
– Porque não traz um ensinamento…
* É um conto de fadas? Não? Por que?
– Porque contos de fadas começam com era uma vez, tem reinos, princesas, magia, a luta entre o bem e o mal…
* Pode ser um poema?
– Não, porque não tem versos…
• Então o “ Enigma do Outro lado” pertence a qual Gênero Textual?
— Ao Gênero Contos de Mistério
1- Quem são os quatro personagens do texto?
2- No final o mistério foi revelado? O que havia atrás da porta?
3- Como são as características físicas e psicológicas apontadas para cada personagem de acordo com o texto?
Pessoa:
Banana:
Pera:
Maçã:
4- Qual personagem é mais otimista?
5- Quais palavras foram usadas para descrever que as frutas estavam com medo?
6- Preparar no caderno de descobertas um espaço para anotar em forma de lista expressões e palavras utilizadas para causar medo, suspense e mistério nos contos.
7- Crianças e professor poderão decorar a sala baseando nos Contos de Mistério, Podem ser decorados com gatos pretos, Lua Cheia, morcegos, teias de aranha, e tudo o mais o que as crianças trouxerem de ideia…
2- Diagnóstico
_ Escolher coletivamente com as crianças as personagens e local para eles produzirem um conto de mistério.
Nessa produção o professor pode analisar o que as crianças já sabem a respeito do Gênero.
O professor pode ainda guardar estas primeiras produções para, ao final da Sequência Didática, apresentar as crianças para que elas façam um comparativo entre o que sabiam e o que aprenderam.

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