ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO, SEGUNDO PIAGET
Ivaneide Bezerra da Silva
Os estágios são extremamente variáveis; depende da experiência anterior dos indivíduos, e não apenas de sua maturação; depende, principalmente, do meio social.
A construção da capacidade de reversibilidade do pensamento marca a passagem do estágio pré-operacional (3 a 6 anos) para o estágio operacional-concreto, período compreendido de 7 à 11, em que, a criança torna-se capaz de realizar operações, ou seja, ações mentais, embora limitadas pelo mundo real. Várias modificações podem ser observadas nas condutas, por exemplo, a criança consegue: Cooperar, porque não confunde mais seu próprio ponto de
vista com o dos outros. Argumentar e defender seu ponto de vista.
Neste período, são construídas as operações lógicas de classificação e seriação, conservações físicas de substância, peso e volume e conservações espaciais de comprimento, área e volume espacial e conceito de número.
Podemos caracterizar que:
• A criança deixa de confundir o real com a fantasia.
• Adquire a capacidade de realizar operações.
• Começa a lidar com conceitos abstratos como os números e relacionamentos. O estágio Operacional-concreto é caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos, isto porque, já possui uma organização mental integrada. Deste modo, Piaget já fala em operações de pensamento em vez de ações. Devido à estruturação do pensamento dá-se o desenvolvimento da linguagem, e deixa de existir monólogo passando ao diálogo interno.
• A autonomia em relação ao adulto aumenta e a criança passa a ter mais organizados e importantes seus próprios valores morais. O grupo de colegas adquire a função de satisfazer, progressivamente, as necessidades de segurança e afeto.
• A a criança começa a dar grande valor ao grupo de pares, (menino com menino e menina com menina) devido ao decréscimo do egocentrismo, adquirindo valores tais como a amizade, companheirismo, partilha, etc. Fato que ajuda a criança a, progressivamente, desenvolver capacidade de se colocar no ponto de vista do outro.
4º período do desenvolvimento cognitivo: operatório formal (de 11 ou 12 anos em diante)
Neste período ocorre, finalmente, a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato. Para a compreensão ser alcançada não é mais necessária a manipulação concreta de objetos e de conhecimentos prévios determinados. Lidar com conceitos como liberdade e justiça torna-se mais complexo. A capacidade de reflexão espontânea é apurada, portanto, surge a formulação de conclusões a partir de meras hipóteses.
No início dessa fase, pode haver um certo isolamento e questionamento do que foi aprendido que leva a individualização de conceitos e de idéias.
O adolescente concebe o mundo como passível de transformação e reformulação, gradativamente compreende a importância da reflexão para sua ação real e as conseqüências de suas atitudes.
No aspecto afetivo, o adolescente vive constantes conflitos quase que até a maturidade. Deseja libertar-se do adulto, mas precisa dele. Deseja ser aceito por outros adolescentes e por adultos e sofre grande influência moral dos grupos que o cercam (tende a aceitá-los, compartilhar o que vê ou negá-los e demonstrar clara oposição). A instabilidade se estende aos interesses de forma geral
ESTÁGIO CATEGORIAL, SEGUNDO WALLON
Wallon propõe uma série de estágios do desenvolvimento cognitivo. Porém ele não acredita que os estágios de desenvolvimento formem uma sequência linear e fixa, ou que um estágio suprima o outro. Para Wallon, o estágio posterior amplia e reforma os anteriores. O desenvolvimento não seria um fenômeno suave e contínuo; pelo contrário, o desenvolvimento seria permeado de conflitos internos e externos. É natural que, no desenvolvimento, ocorram rupturas, retrocessos e reviravoltas. Os conflitos, mesmo os que resultem em retorno a estágios anteriores, são fenômenos geradores de evolução. A mudança de cada estágio se caracteriza um tipo diferenciado de comportamento, uma atividade predominante que será substituída no estágio seguinte, além de conferir ao ser humano novas formas de pensamento, de interação social e de emoções que irão direcionar-se, ora para a construção do próprio sujeito, ora para a construção da realidade exterior.
Estágio categorial (6 aos 11 anos) O estágio do personalismo é sucedido por um período de acentuada predominância da inteligência sobre as emoções. Neste estágio, a criança começa a desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias. Este estágio geralmente manifesta-se entre os seis e os onze anos de idade. Formam-se as categorias mentais: conceitos abstratos que abarcam vários conceitos concretos sem se prender a nenhum deles. No estágio categorial, o poder de abstração da criança é consideravelmente amplificado. Provavelmente por isto mesmo, é nesse estágio que o raciocínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva.
Estágio da adolescência (a partir dos 11 anos) A criança começa a passar pelas transformações físicas e psicológicas da adolescência. É um estágio caracterizadamente afetivo, onde passa por uma série de conflitos internos e externos. Os grandes marcos desse estágio são a busca de auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade. Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência, o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio. O indivíduo, ante algo em relação ao qual tem imperícia, sofre manifestações afetivas que levarão a um processo de adaptação. O resultado será a aquisição de perícia pelo indivíduo. O processo dialético de desenvolvimento jamais se encerra.
CATEGORIAL (6-11anos)
-estágio cognitivo e centrífugo.
- construção do Eu intelectual
-faz relações entre o eu social e o eu psíquico
-Começa a fazer gestos mais precisos e localizados.
- Denomina corretamente os objetos familiares, a separá-los de sua própria existência.
- Autodisciplina mental ou atenção: maior capacidade de concentração
- Capacidade de categorizar, organizar o real em séries, classes apoiado num fundo simbólico.
- Favorece a objetivação do real
- Separação entre qualidade e coisa
3º período do desenvolvimento cognitivo: operações concretas (de 9 a 11 ou 12 anos)
Nesse período, inicia-se a capacidade da criança estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vistas diferentes e de cooperar com os outros. Trabalhos em grupos tornam-se possíveis sem a perda da autonomia pessoal. A capacidade de reflexão aperfeiçoa-se, mas sempre baseada em situações concretas e lógicas: para ocorrer a compreensão, são necessárias comparações do que é aprendido com o que já é conhecido ou está sendo fisicamente visualizado.
A criança passa a estabelecer corretamente relações de causa e efeito; sequenciar idéias ou eventos; formar o conceito de número.
A autonomia em relação ao adulto aumenta e a criança passa a ter mais organizados e importantes seus próprios valores morais. O grupo de colegas adquire a função de satisfazer, progressivamente, as necessidades de segurança e afeto.
Observação: acredito que seja nesse período em que os abusos sexuais por adolescentes e por adultos são mais freqüentes devido ao início do desenvolvimento das características sexuais secundárias (idade preferida pelos pedófilos) e pela necessidade da criança de aceitação e afeto fora de casa, o que a torna alvo extremamente fácil e possivelmente não denunciante.
Como cuidar bem nesse período: ter os cuidados listados para a fase anterior; atentar ao desenvolvimento dos valores morais dialogando sobre eles ou mostrando histórias e filmes contra o preconceito, contra guerras e semelhantes; acompanhar o desenvolvimento escolar fornecendo elogios quando merecido; dialogar respeitosamente sobre o dia a dia da criança visando a detectar seus conflitos (e possíveis abusos sexuais e/ou violentos pelos quais esteja passando); fornecer freqüentemente dicas de segurança (com relação à internet também).
4º período do desenvolvimento cognitivo: operações formais (de 11 ou 12 anos em diante)
Neste período ocorre, finalmente, a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato. Para a compreensão ser alcançada não é mais necessária a manipulação concreta de objetos e de conhecimentos prévios determinados. Lidar com conceitos como liberdade e justiça torna-se mais complexo. A capacidade de reflexão espontânea é apurada, portanto, surge a formulação de conclusões a partir de meras hipóteses.
No início dessa fase, pode haver um certo isolamento e questionamento do que foi aprendido que leva a individualização de conceitos e de idéias.
O adolescente concebe o mundo como passível de transformação e reformulação, gradativamente compreende a importância da reflexão para sua ação real e as conseqüências de suas atitudes.
No aspecto afetivo, o adolescente vive constantes conflitos quase que até a maturidade. Deseja libertar-se do adulto, mas precisa dele. Deseja ser aceito por outros adolescentes e por adultos e sofre grande influência moral dos grupos que o cercam (tende a aceitá-los, compartilhar o que vê ou negá-los e demonstrar clara oposição). A instabilidade se estende aos interesses de forma geral.
Como cuidar bem nesse período: respeitar; mostrar posicionamento amigo e cúmplice e não inimigo; dialogar pacientemente (já utilizando pensamentos e hipóteses abstratas); compreender que os sentimentos do adolescente não são menos intensos ou menos verdadeiros por serem conflituosos (não subestimá-los); respeitar a necessidade de liberdade e experimentação; aconselhar sem obrigar (pois obrigar pode gerar posicionamentos contrários); basear conselhos em argumentação coerente; não exagerar fatos (não mentir); não se mostrar infalível ou onisciente; esperar por erros e tentar compreendê-los (ter empatia); apresentar limites claros e coerentes com esta fase e sempre cumprir a própria palavra.
Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa seqüência, porém, o início e término de cada uma delas dependem das características biológicas e de fatores educacionais e sociais. Assim, a divisão nessas faixas etárias é uma referência, não uma norma rígida. Na dúvida, as ações tomadas (para cuidar bem) devem ser baseadas no respeito mutuo e no diálogo (em que todas as pessoas envolvidas falam e também ouvem), devem envolver muita paciência e compreensão e nunca, jamais, envolver violência física e humilhação.
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